sábado, 19 de outubro de 2013

 

Parte I - Think Different: Estilos de Vida Digitais e Cibercultura como Expressão Cultural


Na semana passada postei aqui um texto sobre a Modernidade Líquida de Bauman, que falava, entre outras coisas, da transição da modernidade pesada para a modernidade leve, e da “redefinição” dos conceitos de tempo e espaço que vieram junto com todas estas mudanças. Enfim, os tempos mudaram e trouxe consigo novos conceitos, novas tecnologias, novos estilos de vida.

Computador, tablet, celular, iPhone, Facebook, msn...
 Tudo isso já faz parte do dia a dia. São novas palavras que passaram a fazer parte dos vocabulários.
 
Por isso que tal falarmos um pouquinho sobre uma dessas novas palavras tão presente no nosso cotidiano e que sempre nos deixa uma interrogação do seu real significado? Vamos conversar um pouquinho sobre CIBERCULTURA.

Confesso que a primeira coisa que fiz foi recorrer ao auxílio do meu grande amigo, o Dicionário, em busca da definição dessa palavra que, apesar de tão presente, nos continua soando como uma “desconhecida”. E eis o que encontrei na minha consulta: Nada!!!! Não encontrei a palavra e sua definição. Simplesmente ainda não existe essa palavra no nosso dicionário (o impresso - a nova versão atualizada conforme nova ortografia). Ou seja, isso nos leva a supor que a cibercultura ainda seja uma palavra com a definição em construção.
 
Então lá vou eu escarafunchar primeiramente o texto de Erick Felinto intitulado: Think Different: Estilos de vida digitais e a cibercultura como expressão cultural, disponível para consulta aqui do lado no Bom para LER

No finalzinho do segundo parágrafo do artigo temos a seguinte afirmação relacionada a cibercultura: “Sempre nova, sempre em transformação, sempre maleável, a cibercultura nos propõe uma ruptura radical com o passado e, ao fazê-lo, nos coloca em um estado permanente de inquietação”. Uma nítida relação com a Modernidade Líquida de Bauman, ainda que não tenha nenhuma referência acerca dessa similaridade explicitada no texto.

Continuando a leitura encontramos o seguinte trecho também referente a cibercultura: “Jovem e insubordinada ela carece de personalidade estável”. Finaliza com a citação de Trivinho dizendo que ela "equivale a um processo social-histórico bem mais vasto e complexo do que supõe o imaginário da pesquisa especializada". Enfatiza que "são raríssimas as ocasiões que a expressão se faz acompanhar de alguma tentativa de definição" revelando-se como "algo que não carece de maiores elucidações".

Isso me faz pensar na “Metamorfose Ambulante” que já na década de 70 era cantada por Raul Seixas. Ele mesmo o "Maluco Beleza", na canção que fez em parceria com Paulo Coelho. Afinal quais palavras definiriam melhor e seriam mais convincentes para referir essa instabilidade da vida moderna? Essa metamorfose digital que reflete cada vez mais e com mais intensidade nos estilos de vida e na cultura, de forma globalizada, inclusive no ambiente escolar, que também vivencia essa "metamorfose ambulante" que se nega a ver as coisas como antes e se recusa a ter "aquela velha opinião formada sobre tudo".

"Saudemos os loucos, os desajustados, os rebeldes, os encrenqueiros..." Será que ele quis dizer saudemos os "Malucos Beleza"? Aquelas pessoas "loucas o bastante para pensar que podem mudar o mundo" e que "são capazes de efetivamente fazê-lo" por acreditarem. Quem sabe? 

Difícil tarefa de definir algo que muda com a "velocidade da luz". Complexo definir um espaço, uma cultura, que fisicamente não existem. Como disse Bauman, o tempo e o espaço mudaram, a cibercultura e seu ciberespaço são a nova concepção de tempo e espaço da modernidade fluida, que desafia as leis da física e até mesmo da lógica.

Mas vejam só. Voltando a questão da escola e do ciberespaço, narro um fato ocorrido esta semana. Fui em uma Livraria comprar um livro, um Dicionário de Filosofia mais precisamente. Isso mesmo!!! Preciso melhorar meu conhecimento sobre essa área e nada melhor que um dicionário sobre o tema para dar uma turbinada no meu lado filosófico. Enfim, ao entrar na livraria eis que uma capa vermelha de uma revista me chama atenção e, como não poderia deixar de ser, parei para verificar o conteúdo desta capinha vermelha que aguçou instantaneamente minha curiosidade.

Gente, eu acredito que tudo conspira a nosso favor, e para minha surpresa e alegria essa capinha vermelhinha tratava-se de uma edição da revista EDUCAÇÃO, cujo tema de capa era nada mais, nada menos que “Professor 3.0”!!! Pois é, a cibercultura dentro da escola, plena e absoluta.

O texto, que sinceramente adorei, falava sobre a nova geração de professores, as novas relações com as escolas e com os alunos, os novos espaços de aprendizagem para além dos muros das escolas, enfim, o impacto da cibercultura no novo contexto escolar. Vale a pena dar uma lidinha nessa revista, os textos escritos de forma bem simples, com uma linguagem idem, e o tema bem interessante e atual. Só não encontrei a versão on-line, ainda, mas de qualquer forma vale a pena ir na banca, afinal para entendermos esse mundo da cibercultura temos que ficar antenados de todos os lados.

Gente, a cibercultura está em todo canto! No supermercado, no hospital, no banco, na farmácia, e claro, também na escola. Dessa forma torna-se fundamental buscar um conceito que a defina e isso também pode ser trabalhado de forma interdisciplinar. Felinto destaca que “entender toda a cibercultura como uma formação cultural nos permite, ir além... Estabelecendo uma compreensão do termo que envolve tanto discursos sociais e narrativos ficcionais quanto realidades tecnológicas e práticas comportamentais e de consumo”.  Destaca que em decorrência de “sua amplitude e indefinição crônicas” a cibercultura é aproximada da ”comunicação como um saber nebuloso, transdisciplinar e em constante reavaliação de suas fronteiras” fluidas.

Toda essa nova cultura cibernética se apresenta também como um desafio para a escola e para o educador, que deve saber dosar de forma equilibrada essa fluidez com intuito de beneficiar todo processo educativo. “Enfrentar adequadamente esses desafios exigirá concepções epistemológicas renovadas e uma forma de produzir conhecimento menos avessa à incerteza, aos híbridos e, quem sabe, à poesia e ao imaginário”. (Felinto). É preciso literalmente think different (pensar diferente).


OBS,: A tarefa em busca da Cibercultura ainda não chegou ao fim. AGUARDEM, a "Parte II - a missão" vem aí. Leiam logo abaixo.

3 comentários:

Lana Borges disse...

interessante análise Ale, como vc traz no seu texto "essa nova cultura cibernética se apresenta também como um desafio para a escola e para o educador" , precisamos lutar por uma Educação que de fato contemple essas novas demandas :)

Cássia disse...

Muito legal sua reflexão, é interessante como agente pode analisar de diferentes parâmetros, um mesmo tema. Com relação ao termo fui logo ao google - e como já disse ante - se google logo existe, na era dos termos cibernéticos, pesquisa digital. Abraço, Cássia.

Jacqueline Forero Castillo disse...

Alexandra es muy completa la información que registras y tienes razón, los formadores requieren de conocer la tecnología y sobre todo aplicar en su justa medida para poder llegar a los estudiantes de una manera adecuada.

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